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Memorial do 8⁰ Encontro Nacional do Mulherio das Letras


Entre os dias 30 de outubro e 1º de novembro de 2025, vivi um dos momentos mais desafiadores, profundos e transformadores da minha trajetória como curadora e produtora: o 8º Encontro Nacional do Mulherio das Letras, realizado no Auditório e Hall da Reitoria da UFSC.


Assumi a coordenação e a curadoria geral deste encontro com o desejo claro de provocar uma reflexão coletiva: que natureza tem o Mulherio das Letras? Para onde caminhamos? Somos, de fato, um movimento literário-político feminista — ou ainda estamos a caminho? Esse foi o argumento que guiou cada escolha, cada mesa, cada gesto deste encontro.


Nada disso teria sido possível sem as mulheres incríveis que estiveram comigo na organização: Thayane Cazalas, Helena Garcia e Clarissa Antunes. Trabalhamos de modo incansável, amoroso e firme para que tudo acontecesse com cuidado, presença e sentido.


A abertura foi marcada pela homenagem à imensa Zahidé Muzart, com a participação emocionada de Tânia Ramos. Em seguida, tivemos Constância Lima Duarte e Mia Leconte na mesa “Nós, elas, as letras e o feminismo”, que abriu caminhos profundos para pensarmos nossas práticas, nosso passado e nosso futuro.


Receber a vice-reitora da UFSC, Joana Célia dos Passos, foi um gesto político e simbólico: trazer um encontro não acadêmico para dentro da Reitoria foi, para mim, um ato de deslocamento e afirmação. Um lembrete de que a literatura das mulheres também pertence — e transforma — esses espaços.


Na mesa “Publicação e tradução”, estive ao lado de tradutoras que admiro profundamente: Claudia Alves, Carolina Paganine, Patricia Peterle e eu mesma. Foi uma alegria dividir essa conversa sobre o ofício de traduzir como gesto atravessado por política, gênero e criação.


Tivemos também, ofinicas de tradução e de escrita criativa, a exibição do curta Insurrectas, seguida de um debate forte com Isabela Veras, e a delicada e pulsante performance teatral Mulheres de Clarice. A música ganhou corpo com o Vozes da Útera e com o show contundente de Silvia Borba.


A mesa “Publicar, publicar, publicar”, mediada por Helena Garcia, trouxe falas inspiradoras de Ida Mara Freire, Cintya Silva, Carla Cintia Canteiro e de nossa mulherageada Marlene de Fáveri — reafirmando nossa necessidade de ocupar o espaço editorial com coragem, afeto e solidariedade.


No campo ecofeminista, vivi momentos de grande beleza e profundidade. Na mesa com Thayane Cazalas e Janyne Sattler, e depois na mesa mediada por Clarissa Antunes, com Alexandra Alencar, Eliane Debus, Tatiara Pinto e Silvia Borba, vimos a força de um fazer poético que integra corpo, terra, cuidado e insurgência. Fechamos com festa, tambor e alegria: o Baque Mulher trouxe o encerramento que desejávamos — potente, amoroso e coletivo.


E tivemos ainda lançamentos de livros, a antologia do encontro, leituras e o Sarau do Mulherio, organizado por Juli Sell no Porongo, acompanhado pela pianista Mari Leonel, reunindo escritoras e leitoras em um espaço íntimo, vibrante e profundamente sensível.


A Feira do Livro, supervisionada por Victória e Gabi, ganhou vida com autoras, editoras e obras que merecem o mundo. O suporte de Duda e Rafa na monitoria foi essencial. E todo o encontro só se sustentou graças ao apoio da SeCArte, da PGET, da Folha Editora e do Jornal Poesia.


Ao olhar para tudo o que vivemos nesses dias, volto ao argumento que costurou a curadoria: como fazer do Mulherio das Letras um verdadeiro coletivo literário feminista? E a resposta que sinto é honesta e necessária: ainda estamos aquém de sermos feministas e aquém de sermos um coletivo. Ainda temos muito a enfrentar, desaprender, reconstruir e inventar juntas.

Entendo que meu papel neste grupo já chegou ao fim, e assim encerro minha participação no Mulherio das Letras.


Mas não encerro — ao contrário — minha caminhada. Sigo atuando firmemente como entusiasta da literatura feita por mulheres, como produtora, curadora, editora e, sobretudo, como pesquisadora e escritora. O caminho continua. E sigo por ele com determinação, com amor e com a certeza de que a literatura das mulheres sempre me encontrará — e eu a ela.



 
 
 

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