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Eles somos nós!

Não existe vida sem a presença de outras pessoas. 


Há alguns dias tenho feito pesquisas no ChatGPT, perguntas aleatórias sobre como investir, significados, comportamentos, até chegar a perguntar sobre minha própria vida. Sim, se estamos na rede aparecerá no chat. Toda IA é capaz de fazer compilações de notícias em blogs, canais, mídias, redes sociais. Fará contigo também. Com essa brincadeira fui relacionando nomes aos meus e, se algum dia fizemos coisas juntas, ele aparecerá. Não sobre coisas privadas, como relacionamentos amorosos. Isso ele só faz com famosos. Pode rir, eu tive a mesma reação. Mas a pesquisa tem prazo, no máximo 10 anos ou menos se não teve referência na internet.


A questão que se levanta para mim é: precisamos da atestação da internet para existir? Parece uma pergunta boba, mas já pensou o quanto o algoritmo e a presença on-line tem afetado emocional e psicologicamente as pessoas? Quantas vezes você publicou algo em suas redes e ficou monitorando quantos likes e visualizações que teve? Quantas vezes exagerou na presença? Quantas vezes exagerou no ornamento? Quantas vezes falou coisas sem mesmo saber profundamente sobre o tema, só para estar “linkada” no assunto do momento? Não, minha intenção hoje aqui não é fazer uma apologia contra as redes sociais. O que me preocupa está além dessa futilidade toda. Futilidade da qual também faço parte, já que eu mesma gerencio diversas contas (@flaquintanilha, @jornalpoesia, @folhaeditora, @mulheriodasletrassc, @artistaslivresdelondrina, @quintallpelomundo). Faço questão de citá-las, pois todos os dias penso em apagá-las.


Também tenho pensado em como chegar a um equilíbrio, em que a vida real não se apague. Como estar viva no dia a dia, amando, sendo eu mesma, olhando profundamente para tudo e todas as pessoas que me cercam, sem perder a conexão com elas e com as redes? Por que precisamos de uma persona-virtual? Ao que parece, toda vez que damos muita atenção à ela perdemos algo sutil de nossa existência, e isso causa danos irreparáveis. É fácil não ouvir, é fácil não se dedicar, é fácil abandonar. É fácil ser qualquer coisa, menos nós mesmos. Por quê?


O paradoxal disso tudo é que o ChatGPT me ajudou a perceber algo muito íntimo em mim e é por essa razão que resolvi terminar este texto que comecei há semanas. E o mais complexo é que hoje descobri que o Google tem uma página minha, com informação errada. E eu não posso mudar a informação, porque não sou a proprietária da página. Isso é ridículo. A internet me permite ser uma mentira, e pior, cria informações falsas de mim mesma.


Ao que parece, criamos algo que não é palpável e que determina o que fazemos. Diz o que comprar, diz como fazer, e se atreve a dizer que não sabemos fazer. É só observar as métricas do Instagram. Primeiro foi criado para pessoas da área visual, fotógrafos. Depois ampliou para vídeos. Depois englobou o marketplace, agora dita a maneira como devemos criar os vídeos, o tempo, o formato e o que dá ou não certo. Mas quando todos começam a fazer o que determinam, mudam os parâmetros e as metas. É homofóbico, xenofóbico, misógino, apoia as piores empresas e piores líderes políticos e brinca com nossas vidas. E por que ainda tentamos vencer as métricas e o algorítimo.


Muitas pessoas vão dizer que estou exagerando. Na verdade nem comecei. Estou apenas apontando situações sem me aprofundar tecnicamente ou filosoficamente sobre isso. Mas mostro aqui a ponta de um grande e profundo problema. Um dos desdobramentos seria essa busca interminável de uma vida leve. A maior besteira que podemos fazer, uma corrida inútil a preço das relações. A vida é o que é. O agora é a única realidade, mas nos torturamos com um passado mal compreendido e nos tornamos ansiosos preocupados com um futuro que nem existe. Mas fechamos os olhos para o que está acontecendo agora. Com o planeta sendo destruído principalmente pela nossa forma de vida, produção e consumo. Parece que essa é a raiz de todo o problema. Somos invadidos por uma enxurrada de vídeos igualmente chatos para vender. E não deixamos de consumir o que nos entregam. As redes nos tornaram um produto e não performar ou lucrar com nosso próprio corpo ou pensamento é uma maneira de falência. E mesmo assim, buscamos inutilmente uma “vida leve”. Relacionamentos leves. O que isso significa? Não olhar para nós mesmos de maneira madura. Não suportamos a dor de errar. Mas como aprender sem errar? Como amadurecer sem doer? O que vejo, tristemente, é que não conseguimos trazer a vida real para o virtual, mas o virtual tomou conta de nossas vidas de forma endêmica. E isso está matando todas as outras formas de vida. Está nos homogeneizando. Está matando a “Vida”, o planeta. E, por favor, não venha com o papo de: a culpa é deles. Quem são eles?




Amor Fati

Alminha,

você tem vagado

perdida por muito tempo.


As matas todas agora escuras,

com pássaros e olhos.


E então uma luz, um chalé, um fogo, uma porta aberta.


Os contos de fada dão o alerta:

Não entre,

você que comeria será devorado.


Você entra. Você se apressa.


Você quer ter pés.

Você quer ter olhos.

Você quer ter medos.

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